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Animes
AnimesSegue abaixo a História dos Animes , veja seus animes favoritos escolha o anime na coluna ao lado toda semana novos episódios.
A história do anime, o gênero de animação de origem japonesa, começa na segunda década do século XX, com uma série de curtametragens similares aos achados em outros países, influenciados pelas obras da Disney em grande parte.
Algum tempo depois da Segunda Guerra Mundial, começaram a surgir grandes companhias dedicadas tanto às séries televisivas como aos longas-metragens, entre as que destaca Toei.
Mesmo que muitas seguiram em ativo nas últimas década do século XX, e seguem no início do século XXI, uma série de diretores e criadores de histórias alcançaram renome próprio neste gênero, bem por obras de grande fama, como Katsuhiro Otomo com Akira ou Akira Toriyama com Dragon Ball, como por seus compridas e premiadas trajetorias, como Hayao Miyazaki.
Primeiros trabalhos
Pioneiros
Em 1906 aparece o primeiro filme de animação, "Humorous Phases of funny face", do produtor americano James Stuart Blackton. Em 1907 se fez a primeira produção de animação japonesa, em onde sai um menino marinheiro. Em 1908 aparece na França "Fantasmagorie", do desenhista Emile Cohl e produzida por Gaumont. Este tipo de filmes de animação chega nos cinemas japoneses para 1910. Entre 1914 e 1917 se exibiram aproximadamente 93 filmes de animação estrangeiros, sendo as americanas as de maior popularidade. Ante tal fenômeno, os produtores japoneses começaram a se dedicar a realização de cinema de animação nacional.
A companhia Tennenshoku Katsudo Shashin (Tenkatsu) é quem reage primeiro, encarregando em 1916 ao desenhista de mangá Oten Shimokawa um filme do gênero. Naquela época não existia documentação no Japão sobre as técnicas de animação, por isso a tarefa de Shimokawa não foi fácil. Não obstante, conseguiu realizar o primeiro filme de animação japonesa, Imokawa Mukuzo, Genkanban no maki (Mukuzo Imokawa e o guarda da entrada) estreada em janeiro de 1917. Por sua vez, o pintor de estilo ocidental Seitaro Kitayama, interessado pelos filmes estrangeiros de animação que via, apresenta um projeto de realização própria à companhia Nippon Katsudo Shashin (Nikkatsu), que esta aceita encargarle. Kitayama também não era um experto na animação, mas a base de provas e erros, conseguiu terminar Saru Kani gassen (A batalha do macaco e o caranguejo), baseada em um conto popular japonês, que foi estreada em maio de 1917. Shimokawa e Kitayama começaram a realização de seus filmes em 1916, coincidindo com a implementação do desenhista de mangá de corte político Sumikazu Kouchi, que por encargo agora da companhia Kobayashi Shokai, estrearia em junho de 1917 Hanawa Hekonai, Shinto no maki (Hekonai Hanawa e sua nova espada), com um samurai como protagonista.
A história do cinema de animação japonês começa efetivamente em 1917 graças aos trabalhos destes três pioneiros, mas não se conserva cópia de nenhuma destes filmes por isso se desconhecem outros dados. A de Kouchi foi a mais elogiada delas pelas críticas da época, sendo além disso a primeira a rodar-se, mesmo que se estreasse depois dos outros dois. Em Março de 2008, foi encontrado em uma loja de antiguidades dos curtas de animação pioneiros: Namakura Gatana de 1917 e Urashima Tarō de 1918.1 Shimokawa chegou em realizar cinco filmes de animação, mas devido à sobreexposición ao reflexo luminoso que comportava o processo, seus olhos experimentavam grande cansaço, por isso decidiu abandonar este trabalho e voltar a desenhar mangá. Kouchi também se apartou do cinema de animação após realizar quatro filmes, mas depois voltaria temporariamente a este campo devido a que personalidades da esfera política lhe encarregaram curtos de propaganda. Pelo contrário, Kitayama, se dedicou plenamente à realização de filmes de animação. Começou empregando como ajudantes a jovens aspirantes a pintores, aos que ensinava as técnicas do desenho animado. Kitayama, que em 1917 chegou em realizar até dez filmes, apresenta esse mesmo ano um filme baseada no personagem infantil Momotaro, que consegue exportar à França, convertendo-se no primeiro produto de animação japonesa que chega em ocidente. Kitayama cria seus próprios estudos de cinema em 1921 mas o Grande terremoto de Kanto de 1923 destruirá suas instalações de Tokyo, por isso decide mudar-se para Osaka.
Ali se aparta dos desenhos animados para dedicar-se a rodar documentários informativos para uma empresa de notícias local. Não obstante, a grande importância do trabalho de Kitayama residirá em haver ensinado as técnicas da animação a uma série de jovens que prosseguirão o trabalho que ele começou.
Um destes foi Sanae Yamamoto, (cujo nome original era Zenjiro Yamamoto). Era um aspirante a pintor que acudiu a trabalhar aos estudos de Kitayama, onde ficou fascinado pelo mundo do desenho animado. Ao ir-se seu professor de Tokyo, Yamamoto decide independentizar-se e formar seus próprios estudos de animação. Em 1925 realiza Ubasute yama (A montanha onde se abandona aos velhos), que tem como tema o respeito e cuidado dos idosos. Consegue o patrocínio da Secretaria de Educação para uma série de filmes de animação de corte educativo, e entre suas obras mais representativas se encontram Usagi to Kame (O coelho e a tartaruga, 1924) e Nippon ichi no Momotaro (Taro Pêssego, o número 1 do Japão, 1928).
Também desta época é Shiobara Tasuke, dirigida por Hakuzan Kimura. Este trabalhava pintando murais de anúncio para as salas cinematográficas, mas muda sua profissão para dedicar-se aos desenhos animados, destacando em breve pelas suas histórias de samuráis. Em 1932 roda o primeiro filme erótica da animação japonesa, Suzumi-Bune (O passeio noturno em navio), que lhe custa ser detido pela polícia, que além disso confisca o filme. Kimura, indivíduo do qual se desconhecem muitas coisas, entre elas as datas de nascimento e morte, se retirará depois deste incidente. Existem rumores que uma cópia foi vendida ilegalmente ao estrangeiro, mas em qualquer caso Suzumi-Bune se transformou em um filme fantasma, impossível de ver. Aparentemente se tratava de uma transferência à tela do mundo erótico criado pelos artistas do Ukiyo-e do período Edo.
Outro discípulo dos pioneiros (neste caso de Sumikazu Kouchi) foi Noburo Ofuji, que começou a produção de desenhos animados graças à ajuda econômica de sua irmã maior, Yae, sendo seu primeiro filme Baguda-jo no tozoku (O ladrão do castelo de Baguda, 1926). Como material de trabalho utilizava o tradicional papel Chiyo, popular desde o período Edo, mas suas cores não puderam ser recolhidos pela fotografia em branco e preto da época. Ofuchi também realizou vários filmes de animação com silhuetas, como foi o caso de Kujira (A baleia, 1927), cujas imagens fez acompanhar com a música da ópera Guillermo Tell de Rossini. Ofuchi dedicou muito tempo a estudar a possibilidade do cinema sonoro e em cor, e graças à ajuda de sua irmã, conseguiu realizar quase todos seus filmes praticamente só.
Em 1923, ano do Grande terremoto de Kanto, Yasuji Murata ingressa na recém formada Yokohama Cinema Shokai, em princípio dedicada à importação de filmes estrangeiros. Murata começa a trabalhar ali pintando esporadicamente murais de filmes para os cinemas, mas o presidente da companhia lhe contrata como empregado fixo ao ver seu talento para o desenho. Murata também escrevia os rótulos para os filmes estrangeiros da companhia, mas, impressionado pelos filmes de animação de John Randolph Bray que aquela importava, propõe a seu presidente a produção própria de fitas similares. Autodidata da matéria, Murata escolhe uma popular história infantil para sua primeira realização, Saru Kani gassen (A batalha do macaco e o caranguejo, 1927). Desde então até que deixa a companhia em 1937, Murata roda cerca de 30 filmes de desenhos animados, a maioria de corte educativo.
Primeiros avanços técnicos
Normalmente o trabalho de animação era muito laborioso. A empresa Yokohama Cinema Shokai se antecipou a seus competidores ao comprar uma nova câmara de motor automático que não requeria movimentar uma manivela, o qual permitia acelerar o trabalho. O primeiro filme rodada com esta câmara será Kaeru wa kaeru (Uma rã é uma rã, 1929), encarregada novamente a Yasuji Murata.
Para o cinema de animação, o celulóide é um material indispensável, mas no Japão não se fabricava. O celulóide começou a distribuirse com profusão nos Estados Unidos no final de 1914 com os trabalhos de Earl Hurd, quem além disso o patenteou. Como produto de importação, o celulóide era muito caro no Japão, por isso no seu lugar se empregava uma espécie de cartolina sobre a qual se desenhavam as personagens, que depois se recortavam e fotografavam (sistema chamado cut out).2 Murata era um professor desta técnica e não tinha nada que invejar a seus competidores que usavam celulóide. Como título mais representativo de animação por cut out destaca seu Tsuki no miya no Ojo sama (A rainha do Castelo da Lua, 1934).3
O primeiro a utilizar no Japão o tão prezado celulóide para o cinema de animação foi Kenzo Masaoka, nascido em uma família endinheirada de Osaka. Após estudar desenho em uma Escola de Artes, inicialmente entra no mundo do cinema como ator, abandonando logo depois em favor da realização de desenhos animados. Seu primeiro filme foi Nansensu monogatari Sarugashima (A absurda história da ilha dos macacos, 1930), sobre um rapaz criado por um macaco. Masaoka realizou também o primeiro filme de animação sonora, Chikara to onna no yo no naka (As mulheres e a força movimentam o mundo, 1932), onde utiliza parcialmente o ainda caro celulóide. Masaoka não poupou despesas para aumentar a qualidade de seus filmes, e assim a partir de Chagama ondo (O ritmo da chaleira, 1934) empregará o celulóide para o total de suas obras. Outro de seus títulos, Mori no yosei (A fada da floresta, 1935), recebeu elogios de seus colegas no mundo da animação e foi comparado aos curtas Silly Symphonies de Walt Disney.
Enquanto que a maioria dos cineastas contemporâneos se dedicavam a fazer filmes de propaganda bélica para o exército nacional, Masaoka realizará durante a guerra uma obra de grande poesia que fará esquecer as penúrias da época e que ficará para a posteridade do gênero, Kumo to churippu (A tulipa e a aranha, 1944). De suas fitas de pós-guerra, a mais representativa será Sute neko Tora-chan (Tora, o gato abandonado, 1947), sobre uma gata que decide criar a um gatito que foi abandonado. Masaoka, por haver sido o primeiro a introduzir o celulóide nos desenhos animados e o primeiro também em realizar um filme sonora desta modalidade, foi chamado o pai da animação japonesa e é respeitado como tal.
Segunda Guerra Mundial
Em 1933, Mitsuyo Catedral é contratado pelos estudos de Kenzo Masaoka. Catedral era um desenhista que destacou em breve pela grande rapidez com que realizava seu trabalho, que foi decisiva na anteriormente citada Chikara to onna no yo no naka. Catedral, que aprendeu a técnica de sonorização de Masaoka, em breve se independizó. Seu primeiro filme foi Osaru Sankichi. Bokusen (Sankichi o macaco. Defesa antiaérea, 1933), que recebeu muito boas críticas.
No dia 7 de dezembro de 1941 o Japão ataca a base norte-americana de Pearl Harbour, começando sua participação na II Guerra Mundial. Então, a Armada Imperial encarrega a Catedral um filme de propaganda que realce os sucessos militares do Japão de cara aos mais jovens. Assim, com uma equipe de cinco pessoas, Catedral realiza o filme de desenhos animados Momotaro no umiwashi (As águias marínas de Taro pêssego, 1942), de 37 minutos de duração, que apesar de seu descarado caráter propagandístico, teve grande sucesso entre o público infantil. Foi protagonizada pelo personagem dos contos infantis Momotaro, que aqui é o capitão de um porta-aviões, enquanto cachorros, macacos e perdizes serão os pilotos de aviação. A frota inimiga vem dirigida por um personagem de grande parecido com Brutus, antagonista de Popeye, que aqui corre de um lado para outro fugindo dos ataques japoneses.
Catedral começa a fazer parte da Shochiku Doga Kenkyusho, onde também se encontrava Kenzo Masaoka, e ali volta a receber um encargo da Armada. Em janeiro de 1942, o Corpo de Pára-quedistas da Armada tinha descido sobre a ilha de Sulawesi (Indonésia), conquistando a base americana, por tanto se decidiu arejar também este primeiro sucesso do corpo ante as crianças japoneses com outro filme de desenhos. Desta maneira se façanha a realização de Momotaro, umi no shimpei (Taro Pêssego, o guerreiro divino dos mares, 1943), com uma equipe de 70 pessoas (o maior até então na história da animação) e um tempo total de elaboração de 14 meses. Finalmente se conseguiu toda uma superprodução de 74 minutos de duração, mesmo que a equipe se tinha reduzido a 25 pessoas por haver sido chamado a filas parte do pessoal masculino e às fábricas de armamento o feminino. Terminada a guerra, Catedral realizou em 1947 Osama no shippo (A fila do rei), vagamente inspirada no famoso conto de Hans Christian Andersen O traje novo do imperador, mas o filme não se chegou em estrear. Depois disto, Catedral deixa o cinema e se dedica a desenhar para as revistas de crianças, ou a desenhar personagens para adornar a roupa infantil.
Em 1933 se estreia Ugoku-e Kori no tatehiki (O duelo do raposo e o tejón em desenhos animados), que contava uma história protagonizada por uns tejones que vivem em um templo budista. Um raposo que adotou a forma de samurái chega ao templo, sucediéndose um duelo de transformações entre os tejones e o raposo que termina com a derrota deste último. Entre os gags que aparecem no filme, está o do raposo-samurái disparando uma metralhadora. O diretor foi Ikuo Oishi, quem após filmar um anúncio em desenhos animados para uma fábrica de chocolate, decidiu dedicar-se à realização de cinema de animação. Sua obra mais representativa foi Futatsu no Taiyo (Os dois sóis, 1929), mas com o estalo da guerra se dedicou a realizar filmes de instrução para a Armada. Durante um destes trabalhos, o navio no qual voltava de rodar umas tomadas no estrangeiro é afundado por um submarino norte-americano, falecendo.
Em 1940 se estreia uma adaptação em desenhos animados da famosa ópera de Puccini Madame Butterfly, Ou-Cho fujin no genso (Fantasia sobre a Dama Borboleta), realizada pelo sistema de animação com silhuetas e assinada por Kazugoro Arai e seu amigo Tobiishi Nakaya. Arai, que da mesma forma que Tobiishi na verdade exercia como dentista, decidiu dedicar-se à animação por sombras após ficar fortemente impressionado pela visão da alemã Prinzen Achmed(1926) de Lotte Reiniger. Nos momentos livres que lhes deixava sua profissão, ambos se dedicaram a estudar o mundo da animação, chegando em converter-se em profissionais. Em 1942 Tobiishi morreu como conseqüência da guerra, mas Arai continuou seu trabalho sozinho. De suas obras mais representativas destacam Ogon no tsuribari (O anzol de ouro, 1939), Jack to mame no ki (Jack e a mata de habichuelas, 1941) e Kaguya hime (A princesa resplandecente, 1942).
Pós-guerra
Com a derrota do Japão em agosto de 1945 termina a II Guerra Mundial, constituyéndose em outubro do mesmo ano a Shin Nihon Dogasha, dedicada à produção de filmes de desenhos animados, com Sanae Yamamoto e Kenzo Masaoka como figuras principais. Centrada em Tokyo, chegou em reunir até 100 pessoas para dedicar-se ao mundo da animação, mas a falta de trabalho obrigou a dissolver a recém-nascida companhia. Em 1947, contando então com a colaboração de Yasuji Murata, se forma no seu lugar a Nihon Manga Eigasha, onde Masaoka conclui Sakura (A cerejeira), obra que descreve as belezas de Quioto ao longo das quatro estações mas que, no entanto, você não chega em estrear-se. Após isso, em 1948 Yamamoto e Masaoka decidem independentizar-se de Nihon Manga Eigasha para formar a Nihon Doga Company.
Em setembro de 1950, com grande atraso, se estreia no Japão o filme de Disney Blancanieves e os sete anõezinhos (1937), que segundo se diz, o diretor de animação Osamu Tezuka viu aproximadamente 50 vezes. Em 1952 Noburo Ofuji roda um remake de seu filme de 1927 Kujira (A baleia). À idéia primitiva de animação por sombras, Ofuji acrescenta a inspiração das vitrinas ocidentais para utilizar celofane colorido. No Festival de Cannes de 1953 competiu na seção de curtos, mas finalmente o prêmio se o levou Crina Blanc (Albert Lamourisse, 1953), ficando sua obra em segundo posto. Se diz que Pablo Picasso viu então este trabalho de Ofuji, pelo que ficou fortemente impressionado. Logo depois, o filme de animação por silhuetas Yurei-sen (O navio fantasma, 1956) consegue um prêmio especial em Veneza, com o que o nome de Ofuchi passa a ser reconhecido no estrangeiro.
Em janeiro de 1950, o desenhista Ryuichi Yokoyama, conhecido pelo mangá Fuku-chan, decide dedicar-se ao mundo da animação após haver visto o curto de Disney The Skeleton Dance (1929), que se tinha estreado no Japão em 1930. Para isso, compra uma câmara de 16 mm e transforma sua casa em estudo de cinema, que chamará Otogi Productions, começando o trabalho em março do mesmo ano com uma equipe de seis pessoas. Seu primeiro filme será o mediometraje Onbu ou-bake (O duende a ombros), da qual fará uma projeção em sala privada em dezembro de 1955, com assistência de várias personalidades da esfera cultural, entre elas Yukio Mishima. Seu segundo filme será Fukusuke, estreada em salas comerciais em outubro de 1957. Ao ano seguinte utilizará o amplo terreno do jardim de sua casa para construir uns estudos maiores, aumentando sua equipe a 23 pessoas. Após isso realiza seu terceiro filme, Hyotan Suzume (1959), que conta a luta contra umas rãs malvadas que hão quebrado a paz de uma aldeia de pacíficas congêneres. A seguir estreia Otogi no sekai ryoko (Viagem ao redor do mundo, 1962), composta por cinco partes, a terceira dos quais, Tatsumaki nem sukareta akai shatsu (A camisa vermelha que se levou o ciclone), tem o interesse adicional de referir-se ao estilo do ukiyo-e.
Otogi Productions necessitou consideráveis empréstimos de dinheiro para poder realizar longas-metragens, mas não conseguiu recuperar o investimento realizada, por isso terminou em quebra em 1972. Yokoyama termina assim seu trabalho mas contribuiu à formação de novos técnicos do gênero. Um deles, Shinichi Suzuki, chegou em realizar pela sua conta um curtametragem de ciência-ficção titulado Purasu 50.000 nen (50.000 anos depois, 1961), que recebeu boas críticas na França por causa de sua projeção no Festival Internacional de Curtametragens.
Bunraku
No Japão existe um teatro tradicional de bonecos chamado Bunraku, que ainda se representa de vez em quando. No cinema de animação existe também a variante de filmes de marionetes, cujo mais conhecido expoente está na cinematografia tcheca. Tadahito Mochinaga (1919-1999) foi o primeiro a produzir animação baseada no bunraku, e ensinou esta técnica para o cinema de animação aos produtores chineses. Mochinaga, discípulo de Mitsuyo Catedral, tinha sido encarregado de realizar filmes na China durante a guerra, permanecendo ali até 1955. Ao retornar a o Japão forma a Ningyo Eiga Seisakusha, dedicada ao cinema de marionetes e que oferece nove títulos, dos quais destacam Uriko Hime to amanojaku (A princesa Uriko e o diabo raivoso, 1956) e Chibikuro Sambo no tora taiji (O negrito Sambo vence o tigre, 1956). Este último conseguiu o prêmio ao melhor filme infantil no Festival de Cinema de Vancouver.
Como discípulos mais avantajados de Tadahito Mochinaga no cinema de marionetes destacam Kihachiro Kawamoto (1924) e Tadanari Okamoto (1932-1990). Kawamoto, após uma etapa trabalhando com Mochinaga, viaja para Tchecoslováquia em 1963 para conhecer a seu admirado Jirí Trnka (1912-1969), graças ao qual aperfeiçoa a técnica de animação de marionetes. De volta a o Japão realizará com produção própria títulos desta modalidade como Hanaori (A flor arrancada, 1968), Oni (O demônio, 1972), Dojoji (O templo de Dojo, 1976) e Kataku (1979), na sua maior parte baseados em peças tradicionais do teatro Não ou o Kyogen.
Kawamoto conseguiu vários prêmios em festivos internacionais, dando assim seu nome a conhecer no estrangeiro. Tadanari Okamoto, que aprendeu também a técnica de Mochinaga, se independizará para formar a Eko xá, dedicada ao público infantil. Seus trabalhos mais representativos foram Fushigi na kusuri (Um medicamento estranho, 1965), Home my home (1970), Chiko tão (1971) e Okon joruri (1982).
A indústria de animação
Toei Doga
Em agosto de 1958 nasceu a maior produtora de cinema de animação do Japão, Toei. Hiroshi Okawa, presidente da produtora, se fixa nas suas viagens ao estrangeiro no cinema de desenhos animados norte-americano, e decide colocar os meios necessários para o crescimento em qualidade do gênero no Japão até fazê-lo exportável e competitivo. Até então, os produtores de japoneses de cinema de animação contavam com instalações muito pobres e equipes reduzidos, por isso não era possível realizar longas-metragens tão notáveis como os ocidentais, nem alcançar-lhes também não em longitude ou volume. Okawa, após estudar a situação do gênero no Japão, decide comprar a companhia Nichido Eiga de Sanae Yamamoto, passando este e seus 23 empregados a fazer parte de Toei, que cria a subdivisão Toei Doga.
Okawa, ao som de seu lema favorito, temos que converter-nos na Disney de Oriente, construiu uns estudos de três plantas com todas as facilidades modernas, e pôs Yamamoto à frente destes como principal responsável. Seu primeiro e espetacular trabalho será Hakujaden (A legenda da serpente blanca, 1958), superprodução de 78 minutos na qual trabalharam 109 pessoas e que se transforma no primeiro longa-metragem em cor do cinema de animação japonês.
Graças ao sucesso desta primeira produção, Okawa se marcou o objetivo de estrear um longa-metragem de animação por ano. Um dos que receberam maior aceitação de crítica e público foi Oji no orochi taiji (O valente príncipe derrota à serpente gigante, 1963), dirigida por Jugo Serikawa (1931-2000), que procedia do cinema de imagem real (era ajudante de direção de Nobuo Nakagawa e Kyotaro Namiki em Shintoho). Entre os ajudantes de Serikawa neste filme estava o ainda desconhecido Isao Takahata, assim como Yasuo Otsuka (1931), que era um funcionário dedicado à luta anti-você droga que deixou seu trabalho para dedicar-se à animação.
Takahata realizaria outra das obras-primas do cinema de animação de Toei Doga, Taiyo no Oji. Horusu no daiboken (As aventuras de Horus, Príncipe do Sol, estreada na Espanha como A princesa encantada, 1968), baseada em uma mistura da saga Yukara com legendas escandinavas e que contava a luta do valente príncipe Horus contra o país dos gelos e a neve, dominado por um ser malvado e sua irmã menor Hilda, obrigada a seu pesar a obedecê-lo. Hilda, que possui uma formosa voz, é incapaz de resistir-se às ordens de seu irmão e tentará destruir a aldeia onde vive Horus. Este tipo de tormento psicológico pela luta entre o bem e o mal de um personagem, além disso feminino, não se tinha visto nunca no cinema de animação, por isso foi muito comentado. O responsável principal deste retrato psicológico foi Yasuji Mori (1925-1992), enquanto que o jovem desconhecido que se encarregou do design das paisagens da aldeia foi Hayao Miyazaki (1941), que ganhou prestígio entre a profissão graças a isso. O tema da princesa encantada era o de unir-se para fazer frente às dificuldades, mas isto foi também a história que rodeou a sua filmagem: uma equipe com vontade de trabalhar frente a uma produtora que não parava de colocar colas ante a contínua escalada do orçamento e o prolongamento do trabalho. De fato, esteve a ponto de paralisar-se a produção do filme, mas graças à insistência com que Takahata e sua equipe defenderam sua causa ante seus chefes, pôde terminar-se. Apesar das boas críticas que colheu, o filme, que tinha custado uma fortuna, sofreu um duro fracasso comercial, do qual Takahata foi obrigado a fazer-se responsável com uma redução de categoria e salário mais que notável. Ante isso, Takahata e Miyazaki decidem abandonar Toei logo depois e buscar a forma de continuar realizando livremente filmes de desenhos animados. Outros títulos representativos de Toei Doga foram Wan Wan Chushingura (Rock o valente, 1963, Daisaku Shirakawa), Nagagutsu wo haita neko (O gato com botas, 1969, Kimio Yabuki), Dobutsu Takarajima (A ilha do tesouro, 1971, Hiroshi Ikeda e Yasuji Mori) e Tatsu no ko, Taro (Taro, o filho do dragão, 1979, Kirio Urayama).
Toei Doga (que em 1998 mudará seu nome pelo de Toei Animation), se antecipou a seus competidores ao começar em 1993 a digitalização do processo de animação, que substituiu aos longos processos tradicionais e que hoje dia é empregada na quase totalidade do gênero produzido no Japão. Por isso, a Okawa lhe corresponde não só o mérito de ter apostado pela animação japonesa conseguindo levá-la até um nível que permitisse sua exportação a todo o mundo, mas também o de ter produzido sua digitalização, criando com ambas decisões as bases para seu crescimento e difusão.
Osamu Tezuka
Osamu Tezuka (1928-1989) foi também uma figura código. Era um estudante de medicina que se viu obrigado a trabalhar nas fábricas durante a guerra. Em abril de 1945, um dia que descansava da fábrica, vê o filme de Mitsuyo Catedral Momotaro, umi no shimpei (Taro Pêssego, o guerreiro divino dos mares, 1943) que, segundo o que anotou no seu diário, lhe deixou impressionado até o ponto de prometerse realizar algum dia seu próprio filme de animação. Com objeto de concretizar este sonho, em 1961 formaria sua própria companhia, Mushi Production.
Sua primeira obra, de caráter experimental, é Aru machikado no monogatari (História de um canto da rua, 1962). Com um fundo antimilitarista, os protagonistas são as paredes de uma cidade, testemunhas de uma apaixonada história de amor entre o pôster de um violinista e o pôster de uma pianista, romance que será interrompido continuamente pelos posters de um ditador. Com uma duração de 39 minutos e um tom poético, Tezuka coordena a montagem e a direção, contando neste último afastado com a ajuda de Eiichi Yamamoto (1936), procedente de Otogi Productions, e Yusaku Sakamoto, que vinha de Toei Doga.
Séries para televisão
A seguinte realização de Mushi Production foi uma série para a pequena tela. A televisão começou suas emissões no Japão em 1953, e as primeiras amostras de animação que se televisionaram procediam dos Estados Unidos, com grande popularidade entre o público infantil. Toei Doga também se colocou a possibilidade de criar séries de desenhos para a televisão, mas uma entrega por semana supunha um trabalho muito pesado para ser rentável, por isso abandonou a idéia. Por outro lado, Tezuka, ao frente de Mushi Production, decidiu enfrentar o desafio que isso supunha, nascendo assim a primeira série da animação japonesa, com entregas semanais de 30 minutos.
O tema eleito foi a personagem de mangá que o próprio Tezuka tinha criado para aparecer periodicamente em uma revista shonen, o robô Tetsuwan Atomu. O laborioso trabalho que supunha fazer quatro entregas mensais aconteceu pelo sistema de animação limitada, que empregava a menor quantidade possível de celulóide. Em janeiro de 1963 se começa a emitir a série, que se ganhou em seguida a aceitação infantil, chegando até um terço da audiência. Após isso, Toei Doga decide aproveitar o fenômeno e em novembro do mesmo ano emite seu Okami shonen Ken (Ken, o menino lobo, Sadao Tsukioka), segundo uma história original que de certo modo se aproximava à Do livro da selva de Rudyard Kipling.
Janguru Taitei (O império da selva, 1966) é outra das obras mais conhecidas de Tezuka, e a primeira do meio que utiliza a cor. No entanto, naquela época a televisão em cor era um luxo que poucos podiam permitir-se, por isso a maioria das crianças teve que vê-la em branco e preto.
Estas obras de Mushi Production para televisão conseguiram vender-se aos Estados Unidos, onde Tetsuwan Atomu foi rebatizada como Astroboy e Janguru Taitei como Kimba, O Leão Branco, nomes com que mais demore saltariam à Europa.
Os robôs gigantes (mecha)
Graças ao sucesso das séries de televisão de Mushi Production e Toei Doga, em breve surgiu a concorrência por parte de outras produtoras. Qualquer gênero era suscetível de ser usado: esportes, fantasia, você aventura, séries para garotos e para garotas,… Da mesma forma que Astroboy, muitas destas séries se emitiram no estrangeiro. Já na década dos 60 com o anime em branco e preto de Tetsujin 28-go, da produtora TCJ e baseada no mangá homônimo de Mitsuteru Yokoyama (considerado o criador do gênero) começou o tema dos robôs gigantes, série que também se vendeu aos Estados Unidos onde a titularam Gigantor, mesmo que não foi até princípios dos anos 70 quando começou o auge das séries de robôs gigantes com a Mazinger Z, baseada nos personagens criados por Go Nagai, à qual seguiiriam várias imitações.
Parte destas séries se exportaram, mas algumas delas resultaram problemáticas em países como a França ou as Filipinas. Também houve séries de caráter educativo baseadas na literatura ocidental, algumas tão mundialmente famosas como Heidi, (1974), O cachorro de Flandres, (1975) ou Marco, dos Apeninos aos Você ande, (1976). Destas, Heidi foi dirigida principalmente por Isao Takahata, enquanto o design e paisagens das cenas correu a cargo de Hayao Miyazaki. Inclusive viajaram à Suíça para buscar paisagens reais que depois pudessem utilizar. A série se emitiu na Itália em 1976, mas muitos pensaram que se tratava de uma série italiana e não japonesa. Graças à série Uchu Senkan Yamato (Space Battleship Yamato, também traduzida como Star Blazers, 1974), a animação japonesa chegou em ser reconhecida.
Na sua primeira retransmissão não conseguiu uma repercussão destacada, mas sim no seu segundo passe, e a partir que se efetuasse um remontaje para sua exibição em salas cinematográficas, que provocou que os jovens fizessem fila ante os cinemas desde a noite anterior à estréia, feito com que foi recolhido por todos os periódicos do momento como fenômeno sociológico. O criador dos personagens desta série foi Reiji Matsumoto, e graças ao sucesso de Yamato, outras de suas obras foram adaptadas à tela. Destas, a mais popular foi Galaxy Express 999 cujas adaptações para o cinema, realizadas por Rintaro começaram a estrear-se em 1979.
O motor das histórias arrancava de uma máquina de trem a vapor que, no futuro, empreendia uma viagem a inclinação de diversos planetas, seguindo a idéia do poeta e autor de contos infantis japonês Kenji Miyazawa (1896-1933) em seu Ginga Tetsudo no yoru (Trem noturno da via láctea). A imagem da locomotora sulcando o espaço era o laço de união entre as histórias.
Em 1979 se emitiu a série de robôs gigantes Mobile Suit Gundam de Yoshiyuki Tomino (1941), mas não conseguiu grande audiência. Não obstante, a alcançou na sua segunda emissão, chegando também a montar-se edições especiais para sua estréia em salas de cinemas (7 filmes entre o ano 1981 e o 2002). Da saga Gundam se emitiram até seis séries diferentes. Se venderam perfeitamente todo tipo de brinquedos e reproduções de robôs inspirados em Gundam.
O formato OVA
O formato OVA (Original Vídeo Animation) teve seu ponto culminante no começo da década dos 80. Se tratava de produções lançadas diretamente ao âmbito doméstico, sem haver sido emitida previamente pela televisão ou estreada em cinemas. A maior qualidade juntamente com a situação econômica do Japão fez com que este formato competisse com as séries televisivas que os admiradores se davam o luxo de comprar.
O primeiro ova foi o de Dallos realizado em dezembro de 1983. Era um anime de ciência ficção que foi fruto do pioneiro esforço do estudo Pierrot, que se aventurou neste novo e desconhecido feira livre.
Final do século XX
As décadas de 80 e 90 trouxeram em grande escala os animes para o Ocidente, entre cujos as principais obras são: Dragon Ball (de Akira Toriyama), Os Cavaleiros do Zodíaco (de Masami Kurumada), Yu Yu Hakusho (de Yoshihiro Togashi), Rurouni Kenshin (ou Samurai X, de Nobuhiro Watsuki), Slayers (de Hajime Kanzaka), Neon Genesis Evangelion (do diretor Hideaki Anno), Marmalade Boy (ou Kimagure Orange Road, de Wataru Yoshizumi), Inuyasha (de Rumiko Takahashi) e Yu-Gi-Oh! (de Kazuki Takahashi), assim como também a massificação das cicas mágicas como Sailor Moon (de Naoko Takeuchi) e Magic Knight Rayearth (do grupo CLAMP). Muitos países abriram o caminho para a cultura otaku.
Início do século XXI
Uma parte considerável dos mangás de sucesso no Japão acabam na atualidade com sua versão em anime. Exemplos claros disso são One Piece, Naruto, Pokémon, Fairy Tail, Death Note, High School Of Dead, Another, Bleach, Sword Art Online e a franquia mais vista do Japão Pretty Cure, além de várias outras. Começam a ser menos freqüentes as séries de anime originais (no sentido de não estar baseadas em mangá) além de dar-se muito menos o caso de mangá criado a partir de um anime.
Além disso, o terreno preparado no ocidente pelas séries das décadas anteriores permitiu que grande parte do anime criado seja traduzido e distribuído nos mercados de todo o mundo. Nos últimos anos surge além disso em ocidente, da mão das culturas da década dos noventa, grande quantidade de grupos e fansub que se encarregam de distribuir ilegalmente por internet muitas séries de anime (e mediante escaneos também os mangás mais conhecidos).
Fonte:Wikipédia.